O que é artrite reumatoide?
A artrite reumatoide é uma doença inflamatória crônica autoimune que afeta principalmente as articulações, causando dor, inchaço e rigidez, sobretudo nas mãos e nos punhos. Ela ocorre quando o sistema imunológico, que deveria proteger o corpo porém, passa a atacar a membrana que reveste as articulações — chamada membrana sinovial.
Como resultado, há inflamação persistente que, com o tempo, pode provocar desgaste da cartilagem e do osso, levando a deformidades e limitações de movimento. Contudo, atualmente sabemos que, com diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível controlar totalmente a inflamação e evitar sequelas.
Por James Heilman, MD – Obra do próprio, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=11110471
Estima-se que cerca de 1% da população mundial sofra com artrite reumatoide, sendo mais comum em adultos entre 30 e 60 anos. Ainda que possa atingir qualquer pessoa, é duas a três vezes mais frequente nas mulheres. Aliás, a artrite reumatoide pode ocorrer até mesmo em crianças!
A fisiopatologia da doença envolve múltiplos fatores genéticos, hormonais e ambientais. Tabagismo, infecções e predisposição hereditária estão entre os principais gatilhos. Ademais, o papel das citocinas inflamatórias, como o fator de necrose tumoral (TNF) e a interleucina-6, é central na progressão da doença — razão pela qual muitos dos tratamentos modernos atuam justamente nessas moléculas.
Dr. Emerson Gimenez é formado desde 2001 pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos (Unilus).
Fez residência médica em reumatologia na UNIFESP – EPM (Escola Paulista de Medicina) e obteve seu título de especialista da Sociedade Brasileira de Reumatologia em 2006. Já são quase 20 anos dedicando-se a tratar as doenças que acometem articulações, músculos, tendões e ossos dando mais qualidade de vida a seus pacientes.
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Quais são os principais sintomas da artrite reumatoide?
A artrite reumatoide costuma começar de forma insidiosa, com sintomas sutis que vão se intensificando. Reconhecê-los precocemente é essencial para evitar complicações.
Dor e inchaço nas articulações
Sintoma cardinal: afeta principalmente mãos, punhos, joelhos e tornozelos.
Rigidez matinal
Sensação de articulações “travadas” ao acordar, durando mais de 30 minutos.
Calor e vermelhidão local
Indicam inflamação ativa dentro da articulação.
Fadiga e mal-estar
A inflamação sistêmica pode causar cansaço intenso e até febrícula eventualmente.
Perda de força e dificuldade para segurar objetos
Decorre do comprometimento das articulações das mãos.
Dores simétricas
Costuma afetar os dois lados do corpo de forma semelhante.
Deformidades articulares
Nos casos sem controle adequado, podem ocorrer desvios dos dedos e deformidades típicas.
Perda de peso e apetite
A inflamação crônica interfere no metabolismo e no apetite. Ocorre a liberação de certas substâncias inflamatórias (citocinas) na circulação que reduzem o apetite
Nódulos reumatoides
Pequenos caroços sob a pele, geralmente nos cotovelos e mãos. São causados pelo depósito de proteínas produzidas pelo intenso processo inflamatório da doença.
Olhos e boca secos
Nem sempre estão presentes. A não ser que haja associação com outra doença reumática, a síndrome de Sjögren secundária.
Quais são as causas e fatores de risco ligados à artrite reumatoide?
A origem exata ainda é desconhecida, mas sabemos que fatores genéticos, hormonais e ambientais se combinam para deflagrar o processo autoimune.
Predisposição genética
Certos genes do sistema HLA aumentam a suscetibilidade à doença.
Tabagismo
Principal fator ambiental: fumar eleva o risco e piora a resposta ao tratamento.
Gênero feminino
Hormônios sexuais influenciam o sistema imunológico, tornando as mulheres mais vulneráveis.
Infecções virais
Alguns vírus podem atuar como gatilhos do processo autoimune.
Exposição ocupacional
Contato prolongado com sílica e solventes está relacionado a maior incidência.
Obesidade e sedentarismo
A inflamação sistêmica da obesidade agrava a progressão da artrite.
Estresse crônico
Pode modular negativamente a resposta imunológica.
História familiar
Ter parentes com doenças autoimunes aumenta o risco.
Quais doenças podem se confundir com artrite reumatoide?
O papel do reumatologista é fundamental para distinguir a artrite reumatoide de outras doenças articulares, já que o diagnóstico incorreto pode atrasar o tratamento e agravar o quadro.
Diferenciação de outras condições:
- Artrose (osteoartrite): degenerativa, sem inflamação significativa, mais relacionada à idade.
- Lúpus eritematoso sistêmico: inflamação articular com outros sinais sistêmicos (pele, rins, sangue).
- Espondilite anquilosante: acomete principalmente a coluna e sacroilíacas.
- Gota: crises agudas, dolorosas e localizadas em articulação única.
- Artrite psoriásica: ocorre em quem tem psoríase e pode deformar dedos de forma distinta.
Existe ainda situações de sobreposição da artrite reumatoide com outras doenças de partes moles tais como: Síndrome do túnel do carpo, síndrome do túnel do tarso, fibromialgia, tendinites, bursites e fibromialgia.
Também podem ocorrer sobreposições com outras doenças autoimunes mais raras e que também tratamos na reumatologia: Síndrome de Sjögren, lúpus e vasculites dos membros inferiores.
Exames complementares:
- Fator reumatoide (FR) e anti-CCP: marcadores imunológicos específicos.
- Hemograma e VHS/PCR: avaliam inflamação sistêmica.
- Função hepática e renal: avaliação de saúde geral e preparação para iniciar tratamentos
- Ultrassonografia e ressonância: detectam inflamação precoce.
- Radiografias: mostram erosões ósseas e deformidades nas fases mais avançadas.
- Ressonância Magnética: excelente para detecção precoce e para pacientes com sintomas atípicos.
Pessoas com dor crônica frequentemente consultam vários especialistas e realizam múltiplos exames, perdendo tempo e recursos até encontrar um reumatologista experiente capaz de identificar o diagnóstico correto e iniciar o tratamento adequado.
Como é o tratamento da artrite reumatoide?
O tratamento deve ser personalizado. Portanto, cada paciente tem características próprias, e o sucesso depende da combinação entre medicamentos, acompanhamento e ajustes de estilo de vida.
Tratamento não farmacológico para artrite reumatoide
- Exercícios físicos leves orientados e fisioterapia
- Alimentação anti-inflamatória equilibrada
- Controle do estresse e sono adequado
- Abandono imediato do tabagismo!
Tratamento farmacológico para artrite reumatoide
- DMARDs sintéticos: metotrexato, leflunomida, sulfassalazina.
- Biológicos: adalimumabe, etanercepte, infliximabe, tocilizumabe, abatacepte.
- Alvos sintéticos orais: baricitinibe, tofacitinibe e upadacitinibe.
- Corticosteroides: usados nas crises e geralmente em doses baixas e por tempo limitado.
- Analgésicos e anti-inflamatórios: para controle de dor em fases agudas.
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Procedimentos médicos para artrite reumatoide
- Infiltrações articulares com corticosteroide para crises localizadas.
- Reabilitação funcional e terapia ocupacional.
Correção de fatores perpetuantes
- Tratar obesidade, depressão e distúrbios do sono.
- Ajustar medicações associadas à inflamação crônica.
- Abandono do tabagismo.
Qual o impacto da artrite reumatoide na qualidade de vida?
Limitações físicas e funcionais
A dor e a rigidez comprometem atividades simples como segurar objetos ou caminhar. São comuns as situações em que o paciente com doença ativa deixa cair objetos das mãos.
Impacto no sono
A dor noturna interfere no descanso e aumenta a fadiga diurna.
Aspectos emocionais e psicológicos na artrite reumatoide
A convivência com uma doença crônica pode gerar ansiedade e depressão. É uma situação bem comum.
Impacto social e profissional
Dificuldades de mobilidade reduzem produtividade e interação social.
Custos financeiros
Medicamentos, consultas e afastamentos do trabalho geram impacto econômico considerável.
Qual a importância do diagnóstico precoce e do tratamento especializado na artrite reumatoide?
O diagnóstico precoce muda completamente o curso da artrite reumatoide. Por ser uma doença grave do ponto de vista de destruição articular irreversível e sequelar, tratar nos primeiros meses de sintomas é determinante para prevenir danos irreversíveis. Dizemos que “tempo é articulação na artrite reumatoide”!
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O reumatologista experiente identifica a atividade inflamatória e ajusta o tratamento conforme a resposta de cada paciente, monitorando efeitos colaterais e evitando complicações.
Ademais, a abordagem multidisciplinar, com fisioterapia, nutrição e apoio psicológico, garante o cuidado global do paciente.
Quando procurar um reumatologista:
Procure o especialista se você apresentar:
- Dor e rigidez matinal nas mãos ou punhos
- Inchaço articular persistente
- Fadiga inexplicável e mal-estar
- Dores simétricas nos dois lados do corpo
- Dificuldade para realizar tarefas cotidianas
Reconhecendo e tratando a artrite reumatoide
A artrite reumatoide, embora crônica, não precisa limitar sua vida. Hoje, graças aos avanços da medicina, é possível controlar completamente a inflamação e manter qualidade de vida plena.
O segredo está em reconhecer os sintomas e buscar ajuda médica o quanto antes. O tratamento individualizado conduzido por um reumatologista experiente permite controlar a doença e dessa forma, evitar deformidades e manter o bem-estar físico e emocional.
Portanto, se você sente dor articular persistente ou rigidez matinal, não adie sua consulta. Quanto mais cedo o diagnóstico, melhores serão os resultados.
Até breve! 😊 E te convido a me acompanhar no Facebook e no Instagram para saber mais sobre doenças reumáticas e tratamentos modernos.
